Em 13 de agosto de 1992, Fernando Collor, então Presidente do Brasil, que sofria com um rápido processo de desgaste político causado por uma CPI no Congresso que o investigava por corrupção, resolveu fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e TV pedindo apoio da população numa espécie de última cartada.
Pressionado pelo Congresso, Collor foi à TV e pediu para a população sair as ruas usando as cores da bandeira em sinal de apoio a ele. O resultado foi histórico: os caras pintadas, todos de preto apoiando o primeiro impeachment de nossa história.
https://oglobo.globo.com/brasil/collor-fez-convocacao-em-1992-impulsionou-impeachment-17399532
Hoje, dia 24 de março de 2020, indo na contramão do mundo inteiro, incluindo o próprio Ministro da Saúde dele, o Presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento desastroso, irresponsável, beirando o criminoso referindo-se a uma pandemia mundial de um vírus altamente contagioso (COVID-19) como uma gripezinha e pedindo as pessoas que saiam de casa e voltem a trabalhar.
O pronunciamento foi condenando em diversos locais por diversas pessoas muito mais qualificadas do que eu.
Noto uma correlação grande entre os momentos Collor’92 e Bolsonaro’20. Em ambos os casos os presidentes em questão eram de direita, autoritários, foram eleitos com quantidades expressivas de votos e veem o seu capital político erodindo aos poucos. Ao mostrar uma completa falta de empatia e conexão com a população, o Presidente parece ter direcionado seu caminho para saída do cargo via impeachment, pois viabiliza a pressão política que iniciará com os governadores e depois com Deputados e Senadores.
Acredito que até o fim do ano, infelizmente teremos outro processo de impeachment neste país por absoluta incompetência do atual ocupante do cargo.