Indiana Jones

Começo este texto informando que falarei do quinto e último filme do Indiana Jones. Se você ainda não viu e quer ser poupado do final, por favor não siga adiante com a leitura 🙂

Me preparando para ver este último filme, resolvi fazer duas coisas: ver muito pouco material sobre o filme para não criar muita expectativa e rever os 4 filmes anteriores para entrar no clima e rever as histórias.

Caçadoras da arca perdida é um dos poucos filmes que dei nota 10: ele é perfeito em todos os detalhes. A história da arca, a cena na selva sulamericana, o medo das cobras, Sallah, a cena do revolver, a sala da maquete, tudo é perfeito. Você nem repara o tempo passar. Este filme é mágico, como muita coisa que o Spielberg fez.

Aí vem o templo da perdição que é pior que o primeiro filme, mas superar Caçadoras da arca perdida era uma tarefa absolutamente inglória. Alguns personagens bacanas como Shorty e Willie. Algumas cenas antológicas, como a do jantar, a ponte, os carrinhos na mina.

Depois disto Spielberg foi lá e fez o impossível: A última cruzada consegue ser melhor que Caçadores da arca perdida: River Phoenix faz um Indiana jovem perfeito. Triste este menino ter morrido logo depois em 1993. Alison é um treco de linda e como não falar da perfeição que foi ter Sir Sean Connery como pai de Henry Jones Junior. O filme é sensacional e com uma história espetacular.

Seria bacana que Spielberg parasse por aí, mas infelizmente ele não parou.

Em 2008 apareceu um quarto filme do Indiana Jones que até começa bem, mas vai se perdendo num mar de personagens muito fracos, mesmo tendo atores ótimos, como Cate Blanchett, John Hurt e Jim Broadbent. Shia LaBeouf foi um erro como filho do Indy e voltar com a Karen Allen simplesmente não deu certo. Até a bomba explodir foi divertido. Daí para frente um filme arrastado onde eu comecei a sentir a idade junto com Indiana Jones.

Chegamos ao filme de hoje: a relíquia do destino. Aviso de novo: aqui falo do filme todo. Se você não quiser saber como termina, sugiro parar por aqui. O filme podia ser bom, mas podia ser ruim. Começou bem com uma quase que perfeitamente convincente técnica de reconstrução do rosto do Indiana novo. Melhor que a Leia e Tarkin em Rogue One e muito, mas muito melhor que a Elis Regina na propaganda da Volkswagen. O ritmo é acelerado e voltam com os usuais inimigos do Indiana: os nazistas. Mads Mikkelsen aparece como um bom vilão, mas nada demais. Se pensarmos bem, nenhum vilão do Indy é inesquecível, então ele não atrapalha. Dá para notar que eles entenderam os erros do filme 4 e matam o filho do Indiana que ele nem aparece e Marion só aparece na cena final.

A história até que é boa, mas nada do outro mundo. Phoebe Fleabag Waller-Bridge tá engraçadinha, tem um moleque absolutamente descartável na história e mais um ou outro personagem. Sallah volta para uma homenagem que ficou bacana mas o que pega mesmo é o final, quando Indy e Marion se reencontram e esta cena final me fez até chorar: ela repete a cena que tem no barco em Caçadores dizendo onde dói.

Ver a “vida” do Indiana Jones ao longo dos filmes me fez mais mal do que bem. Se pensarmos que ele nasceu por volta de 1896 a 1898, pois parece ser um adolescente em 1912 no começo da Última cruzada, ele teria por volta de 37 anos no Templo da perdição, 38 em Caçadores, 40 na Última cruzada, 59 anos na Caveira de cristal e finalmente 71 na Relíquia do destino.

Vemos que Indiana passa a maioria da vida sozinho, sendo um professor universitário e arqueólogo que várias vezes é confundido como um ladrão, que quase sempre leva a pior no final e termina a vida praticamente sozinho morando num apartamento simples, ao que me parece em Nova York. É duro para mim ver o final de vida de um herói da minha infância. Han Solo foi morto pelo filho, já separado da Leia. Luke Skywalker vive sozinho numa ilha auto-exilado até virar pó. Leia morre do nada, porquê infelizmente perdemos a Carrie Fisher antes. Um a um, os herois da minha infância sumindo ou ficando decadentes. A lista é muito maior do que isso, mas esta história é do Indy.

O que me fez chorar no final foi a volta de Indy e Marion para possivelmente ficarem juntos para o resto da vida. Os dois tiveram um caminho longo e tudo indicava que o fim do Indy seria melancólico mas deu um pequeno alento para nós no finalzinho. Harrison Ford está entre os atores que mais gosto, não por ser excelente, mas por ser um ícone. Tipo o Cary Grant da minha era. O cara foi Han Solo, Blade Runner e Indiana Jones. Nada bate este currículo. Nadinha.

Vida longa a Harrison Ford, Steven Spielberg e John Williams que alimentaram muitos sonhos meus.

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